Escolhendo caminhos

Muito se fala e se propaga sobre PROTAGONISMO DE CARREIRA. O tal tomar as rédeas da própria vida e buscar a felicidade. E talvez essa simplificação de um processo tão complexo gere dores com as quais nem sempre sabemos lidar.

Antes de tomar a decisão de abandonar o conhecido, o quentinho, há um grande e doloroso processo. Nos apegamos numa impressão de estabilidade para não nos jogarmos num lugar de dúvidas e inseguranças. E isso é mais sobre nós mesmos e nossos medos internos, do que sobre sobrevivência financeira e profissional. Por isso é um processo longo e complexo. E como tal pode, e deve, ser elaborado com cuidado. Mas um cuidado que não pode paralisar ou impedir a caminhada em direção à mudança. Corremos o risco de descobrir que aquela estabilidade que impedia de seguir, simplesmente, não existia.

Foi assim comigo. Não que não amasse minha profissão ou não trabalhasse onde sempre quis trabalhar. As duas coisas eram verdade. Mas a função que eu exercia já tinha me afastado do prazer do meu ofício havia tempo. Já não cabia mais nos meus desejos e nas minhas verdades. Mas cadê coragem pra mudar? Esse lugar do planejar uma nova #carreira era ocupado por pensamentos como “mas não sei fazer nada além disso”, “e se não der certo”, “já tô velha pra arriscar”, “e se em outra atividade eu não tiver o mesmo sucesso que tive nesses 24 anos na mesma empresa?”. E se... e mas... E os anos vão passando, num atropelo de frustrações, de tarefas automáticas e de uma acomodação pouco produtiva. Os respiros de euforia, de realizações também existem, mas não são suficientes. Até que aquela decisão que foi adiada, e muitas vezes reprimida, é tomada por outra pessoa. Vem de fora. O mundo desaba? Momentaneamente sim! Mas se pararmos pra pensar que, no fundo escondido entre nossos medos, era esse mesmo o desejo, logo percebemos que o universo de fato conspira. Mesmo à nossa revelia, por caminhos tortos ou inimagináveis. E então, agradecemos. Ok, as rédeas não foram comandadas por nós. Só que daqui pra frente podem ser. Ou melhor, têm que ser! Não há outra opção que não essa. E aí, meus amigos, aquele processo longo e complexo é jogado na nossa cara sem chance de ser procrastinado. Agora somos nós, por nós. O único caminho é protagonizá-lo.